Música, arte, entretenimento e uma dose de poesia. Aqui não tem segmento específico, é tudo muito pessoal. É que eu só quis dizer...
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Sophie, cuide de você


"Recebi uma carta de rompimento.
Eu não soube respondê-la.

Era como se ela não me fosse destinada.

Ela terminava com as seguintes palavras: "Cuide de você".

Levei essa recomendação ao pé da letra.

Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão, para interpretar a carta.

Analisá-la, comentá-la,dançá-la, cantá-la. Esgotá-la. Entendê-la em meu lugar. Responder por mim.
Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper.
Uma maneira de cuidar de mim."


Sem saber do que se tratava, entrei na exposição "Sophie, cuide de você" no MAM, neste último sábado. No início fiquei assustada com a quantidade de pessoas em profundo silêncio e leitura, e uma apostila que me deram na entrada - sem explicar direito o que eu precisava fazer com ela.

A exposição de Sophie Calle acabou sendo uma ótima surpresa, com um tom muito profundo e, ao mesmo tempo que pessoal, social. Ao receber um email de rompimento de um relacionamento amoroso, a artista o enviou a 107 mulheres completamente diferentes, cada uma com sua especialidade.Estas mulheres respondem diretamente à ela, ou ao autor, ou à própria situação, de acordo com seu ponto de vista profissional.

São inúmeras as interpretações, e por mais diferentes que possam se mostrar, ilustram o universo feminino de uma das formas mais expressivas que já vi por aí. Algumas com sofrimento intenso. Outras colocando o risco à responsabilidade da própria Sophie. E por aí vai.

A exposição inclusive gerou um blog, que provoca este caráter colaborativo e vai além da própria carta. Os visitantes comentam de que forma a exposição os impactou, estabelecendo um contato direto e tão pessoal quanto a pretensão inicial da artista. Ela acaba, através destes veículos, multiplicando infinitamente as interpretações e expressões de seu trabalho.

Quem se interessar pela compilação de respostas, pode encontrá-las no livro da exposição, à venda na lojinha do térreo do MAM. É só ter a disposição de desembolsar meros 290 reais (rs). 

Só fiquei pensando durante o senhor X que escreveu a tal carta. Eis uma bela expressão artística - e uma bela vingança também. Prato esse que se foi servido mais do que frio: vivo.  


Exposição no MAM RJ até 21/02 
http://www.mamrio.com.br/ 

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